quinta-feira, 23 de julho de 2009

TENHO MEDO DE VOCÊ - PÁGINA: 61-62




Tenho medo de dizer sim,
até onde me conduzirás?
Tenho medo de puxar a palha mais comprida,
tenho medo de assinar ao pé da folha em branco,
tenho medo do "sim" que reclama outros "sim".


Entretanto, não me sinto em paz.
Me persegues,
me assedias, por todos os lados.
Procuro o barulho, porque receio ouvir-lhe,
mas infiltras, num momento de silêncio.
Fujo da estrada, pois o vislumbrei ao longe,
mas na saída do atalho, já me esperas,
quando chego.
Onde esconder-me?
Por toda a parte o encontro,
então, não é possível escapar lhe?


... Mas tenho medo de dizer sim,
Medo de dar-lhe a mão, na sua mão a prendes,
medo de encontrar seus olhos,
és um sedutor...
Medo de sua exigência,
me queres por uns momentos ...
Estou acuada, mas escondo-me,
estou cativa, mas debato-me,
e combato, mesmo sabendo,
que já estou vencida...


Tenho medo, pois és mais forte,
possuis tudo e me roubas a paz.
Se estendo a mão, para pegar,
pessoas ou coisas,
desvanecem-se a meus olhos.
Não é nada engraçado,
nada posso apanhar para mim...


A flor que colho, murcha entre meus dedos,
o riso que esboço em meus lábios, se enrijece,
a valsa que danço,
me deixa ofegante, inquieta.
Tudo me parece vazio,
tudo oco.
Fizeste um deserto em torno de mim,
e tenho fome, e tenho sede,
de amor,
mas tenho medo de você ...


O mundo inteiro não bastaria
para me alimentar,
e, no entanto, eu o amo:
- Que lhe fiz eu?
Por você eu me dei...
E não entendeste a minha doação...
Amor, grande, terrível,
que hás de querer mais ainda?

LEINECY PEREIRA DORNELES



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