domingo, 7 de junho de 2009

NEM AVANÇAR,NEM RECUAR...PÁGINA:38 e39




Não posso mais...
Estou quebrada, estou arrasada,
desde algum tempo,
venho lutando para escapar.
Escapar à tentação que,
ora discreta ...
Ora persuasiva, sensível ou sensual,
dança em volta de mim,
como em torno das barracas de feira,
a rapariga brejeira.


Não sei mais o que fazer,
não sei mais onde ir.
Você me espreita,
me acompanha,
me invades...


Fujo do meu quarto, lá estás,
recostado, a me esperar.
Na sala em que penetro,
apanho um jornal,
e eis seu rosto,
oculto nas palavras,
de um artigo inofensivo ...


Saio, o encontro a sorrir,
por trás de um rosto desconhecido.
Volto às costas,
olho a parede,
você surge de um cartaz.


Entro em casa para trabalhar,
cochila em meus livros e,
ao pegar em meus papéis,
eu o desperto ...


Desesperada,
ponho a minha pobre cabeça,
entre as mãos,
fecho os olhos,
para não ver mais nada.


Mas descubro-o mais vivo,.
Mais vivo do que nunca,
instalado em minha casa fechada,
como se fosse ...
sua própria casa.


Pois arrombaste minha porta.
Você se instalou em meu corpo,
nas minhas veias,
até as pontas de meus dedos.
Cantas ao ouvido de minha imaginação,
tocas meus nervos,
como se fossem cordas de violão.


Já não sei mais a quantas ando.
Nem mesmo sei se desejo este pecado,
que me acena...
Não sei mais se fujo dele,
ou se o persigo.
Sou tomada de vertigens,
o vácuo me atrai,
como a montanha atraí,
o imprudente alpinista,
que não pode mais,
NEM AVANÇAR ... NEM RECUAR...

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